Ex-executivos da Ubisoft são julgados por crime sexual em Paris Ex-executivos da Ubisoft são julgados por crime sexual em Paris

Ex-executivos da Ubisoft são julgados por crime sexual em Paris

O julgamento de três ex-executivos da Ubisoft, acusados de assédio sexual e bullying no local de trabalho, começou em Paris.

Os acusados incluem Serge Hascoët, ex-diretor de criação da empresa e braço direito do cofundador Yves Guillemot, Thomas François, ex-vice-presidente de Serviços Editoriais e Criativos, e Guillaume Patrux, diretor de jogos. O caso ganhou destaque após um relatório investigativo de 2020 do jornal francês Libération, que revelou uma cultura tóxica na sede parisiense da empresa, marcada por assédio e intimidação.

A Solidaires Informatique, sindicato que representa trabalhadores do setor de videogames na França, solicitou que Yves Guillemot e Marie Derain, executiva de RH, também sejam julgados por cumplicidade no comportamento tóxico, embora não haja evidências de que tenham participado diretamente de assédio ou bullying. O sindicato argumenta que a responsabilidade final pela cultura tóxica recai sobre a empresa e seu departamento de RH, e planeja solicitar uma segunda audiência para abordar a natureza sistêmica do problema.

Detalhes das acusações:

  • Thomas François é acusado de exibir filmes pornográficos em reuniões, usar linguagem depreciativa sobre a aparência de funcionárias, assediar estagiárias por mensagens de texto e promover comentários islamofóbicos contra uma funcionária muçulmana 18.
  • Serge Hascoët é acusado de permitir um ambiente de trabalho tóxico e agir de maneira caprichosa e tirânica com sua equipe. Ele renunciou em julho de 2020, enquanto François foi demitido um mês depois 13.
  • Guillaume Patrux enfrenta acusações de assédio moral, completando um padrão de comportamento abusivo na empresa.

O julgamento ocorre em um momento crítico para a Ubisoft, que se prepara para o lançamento de Assassin’s Creed Shadows em 20 de março, após um declínio de 30% na receita nos primeiros nove meses do ano fiscal atual 13. O caso também ressoa no setor de videogames, especialmente após o processo de US$ 54 milhões contra a Activision Blizzard em 2021, que expôs problemas semelhantes de assédio sexual.

O sindicato e investigações jornalísticas sugerem que o problema não se limita à sede parisiense, com relatos de má conduta em escritórios da Ubisoft em Singapura, Montreal e Quebec. Uma pesquisa interna de 2020 revelou que 25% dos funcionários testemunharam ou experimentaram má conduta no local de trabalho.

Este julgamento pode não ser o fim da crise para a Ubisoft. A empresa enfrenta pressão para implementar mudanças significativas em sua cultura corporativa, enquanto o setor de videogames continua a lidar com questões sistêmicas de assédio e discriminação. A resposta da Ubisoft a essas acusações será crucial para sua reputação e futuro.

via Deadline.