Mais uma animação da DreamWorks, e sim, O Homem-Cão chega com aquele visual já conhecido do estilo de animação em “LowFrames” – estilo que se popularizou por “Gato de Botas 2” e “Robô Selvagem”. Embora esse recurso já pareça um tanto saturado, o filme consegue trazer algo novo: uma estética que remete ao stop motion, dando um charme único à produção. Esse toque diferente é um respiro fresco em meio a tantas produções que seguem fórmulas semelhantes. E, cá entre nós, essa escolha foi arriscada, mas funcionou.
A direção, assinada por Peter Hastings (séries As Épicas Aventuras do Capitão Cueca, Kung Fu Panda: Lendas do Dragão Guerreiro), é simplesmente deslumbrante. Cada cena é cuidadosamente composta, com jogos de luz e sombra que elevam a experiência visual a outro patamar. O humor, outro ponto alto do filme, é bem dosado e nunca cai na monotonia. Mesmo nas cenas mais dramáticas, o equilíbrio entre risos e lágrimas acontece de forma natural, sem forçar a barra.
O roteiro, escrito por Dav Pilkey em parceria com Hastings, é outro grande trunfo. Além de criar um universo cativante, ele instiga a curiosidade do espectador. Cada detalhe da trama parece ter um propósito, e a construção dos personagens faz com que o público queira saber mais sobre suas motivações e o mundo em que vivem. No entanto, nem tudo são flores em “O Homem-Cão”. A tentativa de romance entre a repórter e o chefe de polícia é, para ser sincero, bem fraca. Parece mais uma obrigação do roteiro do que algo que realmente acrescente à história.

Felizmente, o filme compensa em outros aspectos, como na dublagem. No Brasil, a voz de Petey, interpretada por Gustavo Pereira, é impecável. Ele consegue transmitir toda a complexidade do personagem – seus traumas, medos e dilemas – com uma naturalidade emocionante. Já na versão original, Pete Davidson parece um pouco desconectado, como se não conseguisse mergulhar de verdade na psique do personagem.
Apesar de se vender como uma animação infantil, “O Homem-Cão” vai muito além. O filme aborda temas profundos, como abandono e superação, de uma maneira que é ao mesmo tempo leve e impactante. Ele não tem medo de explorar as camadas emocionais dos personagens, algo que pode ressoar tanto com crianças quanto com adultos. A mistura de humor e drama é tão bem feita que você se pega rindo e chorando quase ao mesmo tempo. É uma verdadeira montanha-russa emocional que, ao final, deixa a sensação de que você acabou de assistir a algo especial.
No geral, “O Homem-Cão” já chega como uma das melhores animações do ano. Além de entreter, tem potencial para gerar discussões sobre temas sensíveis, como o abandono e a superação. Apesar de alguns tropeços, como o romance mal desenvolvido, o filme acerta em cheio na maior parte do tempo. Com uma direção visual impressionante, um roteiro inteligente e dublagens que dão vida aos personagens, essa é uma animação que merece não apenas ser assistida, mas também revisitada.
Por Allana Félix.