Cena do filme animado brasileiro Abá e sua Banda Cena do filme animado brasileiro Abá e sua Banda

Abá e sua Banda: divertida e visualmente encantadora

Animação nacional chegará aos cinemas em 17 de abril

Abá e sua Banda é um filme divertido e esteticamente lindo. Assim que lançar nas salas de cinema, já vou programar para levar os sobrinhos, pois além de saber que irá entreter as crianças, será uma ótima forma de incentivar a animação nacional. É quase certeza que a família inteira sairá sorrindo com a leveza do longa.

“Abá e sua Banda” apresenta o reino de Pomar, onde o príncipe-abacaxi Abalberto, o Abá (Filipe Bragança), vive como músico de rua com seu amigo Juca (Robson Nunes), ignorando suas responsabilidades reais. Quando o rei Caxi, ainda devastado pela morte da rainha durante o Festival Musical anual, decide abdicar, o ambicioso Don Côco (Mauro Ramos) vê sua chance de poder frustrada – o trono é oferecido a Abá.

A trama se desenvolve quando Abá conhece a rebelde Ana Banana (Carol Valença) e sua banda é selecionada para o festival. Através dessa experiência, o príncipe mimado começa a entender os problemas do reino e a corrupção de Don Côco, que planeja um golpe. A história segue a jornada clássica de amadurecimento, onde Abá precisará usar sua música não apenas para entreter, mas para unir Pomar e restaurar a justiça.

Cena do filme animado brasileiro Abá e sua Banda
Abá, Juca e Ana. Crédito da imagem: Divulgação/

“Abá e sua banda”: uma fórmula clássica bem executada

E é exatamente o que acontece. A história é tão clássica que até o trio principal – o protagonista aventureiro (Abá), a menina racional (Ana) e o menino medroso (Juca) – também é uma fórmula que se repete. Desse modo, podemos julgar “Abá e sua banda” como uma história pouco original, a começar pelo título da obra. Além de não apresentar grandes surpresas, poderia ser um filme realizado em qualquer lugar, pois as marcas de brasilidade aparecem muito pouco. Talvez pelo uso da monarquia na história, o filme fica com uma cara de animação europeia.

Por outro lado, já vi tantas obras brasileiras que pareciam se esforçar para realizar uma história tradicional e comercial que, francamente, fiquei feliz em ver que finalmente uma delas conseguiu. Mesmo que não seja um filme marcante, nem pela história nem pelas músicas, o nível de realização que “Abá e sua Banda” conseguiu alcançar não é algo fácil de se fazer, principalmente considerando a realidade brasileira.

A história é simples e, embora existam muitos personagens, não senti que sobram, pois todos cumpriram bem sua função. Ademais, são carismáticos e a criatividade dos designs baseados em frutas deverá encantar o público infantil. E, mesmo que a animação seja em 3D, algumas propriedades visuais lembram o 2D, o que me agradou bastante.

Cena do filme animado brasileiro Abá e sua Banda
Crédito da imagem: Divulgação/

Já sobre a trama, as viradas de cada um desses personagens e também a narrativa conseguem seguir um fluxo orgânico. Tudo parece acontecer na hora certa, principalmente considerando os principais paradigmas de elaboração de histórias. Também achei bem criativo usar um reino de frutas para fazer alegorias políticas. Aliás, para mim esse universo “frutesco foi a melhor parte. Sempre me peguei sorrindo com os trocadilhos: “The Beatles” eram “The Apples”, “Kisses” eram “Kiwisses”, tinha também a “Carmem Moranga”, e por aí vai… Além disso, a narrativa visual também faz referências ao mundo da música.

Outro elemento do enredo interessante que traz à tona várias alegorias é o vilão Don Côco. Primeiro, senti que, por meio dele, “Abá e sua Banda” faz referência aos camisas pretas, já que o principal objetivo do capitão do reino de Pomar o revela como um típico fascista: acabar com a diversidade de frutas e com a polinização natural. Segundo, ele possui a melhor música de todas, a mais chiclete, que deverá ficar repetindo na cabeça de quem assistir.

Em relação à trilha sonora, infelizmente, eu gostaria que fosse mais original e envolvente, pois é pilar para a narrativa. Porém, acho que deve ser o suficiente para divertir as crianças. Para uma espectadora da minha idade, as músicas dos momentos mais marcantes da história, como “A força do teu olhar” (a que Abá lembra da mãe na floresta), chegam quase lá. Mas, repito, nenhuma é tão legal quanto a música do vilão Don Côco. De todo modo, quem tiver interessado em ouvir de novo as músicas e saber mais sobre o universo do filme, é possível acessando o site de “Abá e sua Banda”.

Com tudo isso, considero o saldo do filme positivo. Parabenizo os realizadores (o diretor Humberto Avelar junto da Fraiha Produções), principalmente por conhecer os desafios para a animação brasileira. E quem puder, leve as crianças para assistir no cinema. Elas vão gostar!