Que Seven: Os Sete Crimes Capitais (Se7en, 1995) é um sensacional thriller psicológico de David Fincher e que se tornou um clássico do gênero quase todo mundo já sabe. Estrelado por Brad Pitt, Morgan Freeman e Gwyneth Paltrow, o filme se destaca por sua narrativa sombria e provocativa, além de uma reviravolta capaz de intrigar o mais tranquilo espectador. Neste final explicado de Seven, vamos explorar os principais mistérios do longa que completa em 2025 30 anos de seu lançamento, e desvendar o significado do impactante desfecho.
A trama de Se7en e os sete pecados capitais: qual o objetivo do assassino do filme?
A história do filme acompanha os detetives William Somerset (Morgan Freeman), prestes a se aposentar, e David Mills (Brad Pitt), seu impulsivo e às vezes inconveniente parceiro, enquanto investigam uma série de bizarros assassinatos. Cada crime é inspirado nos sete pecados capitais,: gula, avareza, preguiça, luxúria, soberba, inveja e ira. O assassino John Doe (Kevin Spacey), que o expectador acaba conhecendo pessoalmente apenas nos minutos finais, acredita estar realizando uma espécie de “missão divina”, punindo pessoas que, segundo ele, encarnam esses pecados.
Cada cena de crime é cuidadosamente montada para refletir o pecado representado, com pistas que desafiam a lógica e a moralidade. O mistério que permeia o filme é entender não apenas a identidade de John Doe, mas também seu objetivo final.

A psicologia por trás de John Doe e o que diabos são os sete pecados capitais
Os pecados capitais têm origem no século IV, quando o monge Evágrio Pôntico escreveu uma obra sobre os vícios capitais. A lista dos sete pecados capitais, por sua vez, foi formalizada pelo papa Gregório Magno no século VI. Os pecados capitais são chamados assim porque são geradores de outros pecados e vícios.
Neste ponto, podemos afirmar então que John Doe é um vilão no mínimo intrigante. Ele age com meticulosidade, deixando rastros que levam a reflexões profundas sobre a condição humana. Sua crença de que os crimes servem para “abrir os olhos da sociedade” gera discussões sobre justiça e moralidade. Por que ele escolhe aquelas vítimas? John Doe acredita que elas simbolizam o que há de pior na humanidade, o que o leva a justificar seus atos como necessários para provocar mudanças. A revelação de sua identidade é um dos momentos mais marcantes do filme. Diferente do que se espera em thrillers, o assassino se entrega voluntariamente, preparando o terreno para o clímax devastador.
Final explicado de Seven: o que há na caixa?
O ponto mais discutido de Seven ocorre sem dúvidas em seu desfecho, quando os detetives são levados por John Doe a um local deserto sob o monitoramento da polícia. Ele revela que invejou a vida perfeita de Mills, o que configura o sexto pecado: a inveja. Pouco depois, um entregador chega com uma caixa, enviada por Doe. Somerset a abre e descobre que ela contém a cabeça de Tracy (Paltrow), esposa de Mills. O assassinato dela representa a ira, já que Doe sabia que Mills reagiria com violência ao descobrir o brutal assassinato.
A cena final é um dos momentos mais intensos do cinema em todos os tempos, com Mills cedendo à ira e matando John Doe. Esse ato completa o plano do assassino, que se torna uma espécie de “mártir” de sua ideologia. O ciclo dos sete pecados é, assim, concluído. Sendo assim, a genialidade de David Fincher está em reservar ao vilão a sua suprema vitória mesmo com a sua morte, que, aliás, era necessária para alcançar tal feito.
Uma manobra de Fincher para dar mais impacto e autenticidade à dinâmica do elenco foi apresentar Kevin Spacey aos colegas apenas no final das gravações, quando seu personagem finalmente é revelado. Já Gwyneth Paltrow (que esteve no elenco por insistência de Brad Pitt), por sua vez, aceitou que Tracy fosse submetida a esse fato apenas com a condição de que não fosse uma cena explícita. Aliás, uma das curiosidades do filme é que diversas cenas acabaram cortadas por serem demasiadamente violentas.

O significado do final em Se7en
Além de perturbador, o desfecho de Seven é também digno de reflexão por parte de quem assiste. O vilão manipula todos ao seu redor, transformando o personagem de Brad Pitt em uma extensão de sua visão distorcida do mundo. A morte de Tracy e o colapso emocional de Mills deixam a mensagem de que a linha entre o bem e o mal pode ser tênue, ou como diz o Coringa em “Batman: A Piada Mortal”: “Só é preciso um dia ruim para reduzir o mais são dos homens a lunático”. Além disso, o filme desafia as convenções de Hollywood ao evitar um final “feliz”.
Por que a obra de David Fincher é tão impactante mesmo após 30 anos?
O impacto de Seven reside na habilidade de David Fincher em criar uma atmosfera opressiva e envolvente. A cinematografia de Darius Khondji (diretor de fotografia de excelentes filmes como Joias Brutas, Amor e Meia-Noite em Paris, além do aguardadíssimo Mickey 17), marcada por tons escuros e uma constante sensação de claustrofobia, reflete o desespero dos personagens. O roteiro, escrito por Andrew Kevin Walker (que colaborou novamente com Fincher no recente O Assassino) explora temas como ética, religião e psicologia.
O elenco também desempenha um papel crucial. Morgan Freeman traz uma serenidade contrastante ao personagem Somerset, enquanto Brad Pitt entrega uma atuação emocionalmente carregada como Mills, e toda sua imprudência jovial só poderia ser bem retratada tendo o ator também poucos anos de vida adulta. Kevin Spacey, mesmo com pouco tempo em cena, cria um antagonista memorável e sua presença permeia todo o filme.
Seven: Os Sete Crimes Capitais é mais do que um simples filme de mistério: é uma análise sombria da natureza humana e de seus extremos com um final perturbador, e mesmo após 30 anos de seu lançamento, continua sendo uma incrível experiência, que inspirou tanto filmes seguintes de David Fincher como Zodíaco quanto outras grandes obras do cinema, como é o caso de Os Suspeitos (que figura entre os mais lidos do site na categoria Final Explicado).