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Um Filme Minecraft: quando nem a nolstagia salva

“Decepção” é a palavra que resume bem a experiência — ainda mais pelo fato de que, honestamente, este filme nem precisava existir. Durante anos, Hollywood tentou adaptar Minecraft, afinal, o jogo foi um fenômeno global. E, como manda a cartilha da indústria norte-americana, tudo que dá dinheiro pode render ainda mais. Em 2022, veio o anúncio oficial de Um Filme Minecraft. E aqui estamos, em 2025, com isso nas telas.

O filme já começa confuso. Diferente do que costumo fazer — separar por tópicos —, aqui prefiro começar direto pelo início da obra. Os primeiros 20 minutos apresentam uma das piores direções já vistas no cinema recente. Jack Black continua o mesmo desde os tempos de “Tenacious D”: preso em sua persona caricata e sem sinal de evolução. Além disso, a edição é um desastre — cortes excessivos e mal executados, como se tentassem desesperadamente acelerar a narrativa. O resultado é tosco e cansativo de acompanhar.

Passado o desastre inicial, o “Um Filme Minecraft” até melhora um pouco. Um destaque vai para o jovem Sebastian Eugene, que interpreta Henry. O garoto consegue manter uma expressão constante de entusiasmo — a cada vez que a câmera o enquadra, ele sorri e olha em volta como se estivesse em êxtase. Apesar disso, demonstra potencial em alguns monólogos que exigem entrega e seriedade. Isso chama atenção, especialmente num filme que mais parece uma peça infantil de shopping. A produção claramente se direciona ao público infantil, e transmite de forma eficaz a mensagem “seja você mesmo”.

Danielle Brooks, Sebastian Eugene, Jason Momoa e Emma Myers em “Um Filme Minecraft”. Crédito: Reprodução/Warner Bros.

O resto do elenco tem seus méritos, mas também falhas gritantes. Jason Momoa, supostamente o protagonista, é completamente esquecível. Emma Myers (que pode ser conhecia como “a menina lá de Wandinha”) exagera na atuação física, com olhos arregalados e caretas constantes, o que acaba incomodando. Danielle Brooks, excelente atriz de “A Cor Púrpura”, está deslocada em um papel pequeno e irrelevante — um desperdício de talento. De modo geral, o elenco entrega estereótipos: o nerd, o descolado, a patricinha excêntrica e a personagem avulsa que não faz diferença alguma.

Visual de respeito em “Um Filme Minecraft”, mas só isso não basta

Depois de tantas críticas à direção, edição e atuações, vale destacar o único acerto: o design de produção. Visualmente, o filme é deslumbrante. É colorido, dinâmico e extremamente fiel à estética do jogo. O CGI impressiona, com animações fluidas e texturas que respeitam os blocos do universo “Minecraft”. Em alguns momentos, há até um toque estilizado que lembra a técnica usada em “Homem-Aranha no Aranhaverso”, com personagens animados em 2D sobre os modelos 3D, criando um visual único. Assim, o “Um Filme Minecraft” ganha vida, evocando a magia que os jogadores sentiram lá em 2012.

Não culpo o filme por ser tão infantil. Ele não foi feito para quem jogou anos atrás e hoje vê o jogo com nostalgia. Foi feito para as crianças de agora — e, de certo modo, acena para a nossa criança interior. Talvez, quando “Minecraft” cair em domínio público, não teremos uma adaptação de terror meia-boca?

“Um Filme Minecraft” não é exatamente ruim — mas definitivamente chegou tarde demais. Torço para que as duas cenas pós-créditos sejam apenas pesadelos passageiros e que nenhuma sequência venha por aí. Adaptações de jogos são um campo minado: às vezes funcionam, às vezes não. Mas o jogo continua. Que tal um Kirby na próxima? (contém ironia). No fim, o filme é medíocre, mas divertido. Vale pela nostalgia — se você não for exigente.

Por Lanna Félix.