Um dos maiores símbolos de soberania nacional é repetir o feito histórico dos Estados Unidos ao levar o homem à lua. No filme sul-coreano “The Moon: Sobrevivente”, escrito e dirigido por Yong-Hwa Kim, esse é o objetivo. Cinco anos após uma tentativa frustrada devido a uma explosão, o governo sul-coreano decide novamente tentar enviar astronautas ao espaço e alcançar o satélite natural da Terra. Contudo, como era de se esperar, o caminho para o sucesso é repleto de adversidades.
Na segunda expedição, três astronautas são designados para a missão, mas uma tempestade solar resulta em apenas um sobrevivente: Hwang Sun-woo (interpretado por Do Kyung-soo). A situação exige a convocação de Kim Jae-gook (vivido por Sul Kyung-gu), ex-diretor da primeira expedição, para coordenar a operação. Diante do impasse, Hwang, considerado o mais inexperiente da equipe, decide prosseguir com a missão, mesmo contra as recomendações de seus superiores.
Embora o foco principal seja a narrativa de superação e sobrevivência no espaço, “The Moon” também reflete sobre a soberania cultural da Coreia do Sul, destacando o avanço da indústria audiovisual do país. Desde a década de 1990, o cinema sul-coreano vem experimentando uma verdadeira revolução, marcada por produções de alta qualidade em diversos gêneros.
Talvez o maior expoente, “Parasita” (Ganhador do Oscar), fale por si só, mas internacionalmente outros filmes e séries consolidaram o país como um expoente no cenário global. “OldBoy”, um clássico dirigido por Park Chan-wook, lançado há mais de 20 anos, também é digno de citação. Com 43 vitórias e 28 indicações em festivais internacionais é um expoente que mostra que não é de hoje que essa indústria se consolida. Nacionalmente, a Coreia do Sul também demonstra um forte apego às suas produções, consumindo mais filmes locais do que norte-americanos.

“The Moon: a experiência”
“The Moon” reforça essa excelência. Yong-Hwa Kim, conhecido pela franquia “Along with the Gods” (disponível na Netflix), traz sua expertise para este projeto. Do Kyung-soo, membro do grupo K-Pop EXO e que também esteve em “Along with the Gods”, retoma a parceria com o diretor. Apostando no gênero da ficção científica e ação, o filme traz um roteiro amarrado e bons efeitos visuais – bem, não em todos os momentos, mas isso não atrapalha a experiência visual do filme como um todo – que é excelente (principalmente, levando-se em conta que o orçamento é de 18 bilhões de won, cerca de US$ 19 milhões).
Por outro lado, a atuação apresenta altos e baixos. Enquanto o núcleo central se esforçar para ter boas atuações em sinergia com a proposta melodramática do filme, os personagens coadjuvantes muitas vezes se perdem entre um tom engraçado e dramático, dificultando a identificação de suas intenções ao longo da narrativa. Isso enfraquece o alívio cômico, que parece deslocado em alguns momentos.
O primeiro ato do filme é marcado por um melodrama excessivo e um tanto desnecessário, mas, à medida que a trama avança, o equilíbrio entre os conflitos terrestres e a solidão do protagonista no espaço ganha ritmo. Com uma sucessão de desastres e desafios, o roteiro mantém o espectador engajado, conduzindo em momentos de alta tensão e um clímax emocional que pode arrancar lágrimas sinceras dos espectadores mais sensíveis.
Com distribuição da Sato Company, “The Moon: Sobrevivente” estreia nos cinemas brasileiros Brasil em 16 de janeiro.
Por Hélio Mesquita.