Screamboat Terror a Bordo, filme de Steven LaMorte que satiriza Mickey Mouse ganha critica e final explicado - CosmoUP Screamboat Terror a Bordo, filme de Steven LaMorte que satiriza Mickey Mouse ganha critica e final explicado - CosmoUP

Screamboat: Terror a Bordo mostra que não há o que temer

Com estreia agendada para o primeiro dia de maio, Screamboat: Terror a Bordo (2025) traz a sagaz proposta de presenciarmos em tela a versão macabra de personagens consagrados na linha do ocorrido com Ursinho Pooh, Cinderela, A Pequena Sereia e tantos outros. No caso do Mickey Mouse, que teve seus direitos originais transformados para domínio público recentemente, a farra desse tipo de lucro teve início com Mouse Trap: A Diversão Agora é Outra (2024) que, ao seu modo, também é uma produção extremamente horrível. Sabendo que ser horrível não é de modo algum uma crítica negativa a filmes desse tipo, é seguro dizer que vale à pena assistir Screamboat no cinema?

Mickey Mouse do mal e realizadores de Terrifier: de onde surgiu Screamboat: Terror a Bordo

A partir da direção de Steven LaMorte (que assina o roteiro com Matthew Garcia-Dunn), o filme de terror apresenta a sua versão para O Vapor Willie (Steamboat Willie) dirigido por Walt Disney e Ub Iwerks que marcou a primeira aparição do Mickey Mouse, em 1928, sendo também o primeiro curta animado com som da história. A trama acompanha o passeio noturno pela balsa de Nova Iorque, quando a tripulação e passageiros passam por maus bocados pela indesejada presença de um roedor macabro.

Produções desse tipo tem a seu favor a aceitação do público alvo, que não se importa nem um pouco com problemas orçamentários, ignorando inclusive roteiros desenvolvidos da pior maneira possível – mesmo que a falta de grana não justifique um texto ruim. O grande lance aqui é ligar o coletor de easter-eggs e desligar o da expectativa com qualquer coisa que remeta a qualidade.

Ainda assim, me arrisco a afirmar que Screamboat: Terror a Bordo consegue fracassar até no fracasso. A falta de precisão na escala do personagem e o visual propriamente dito já são as piores coisas, uma vez que a desproporção de tamanho do Mickey do Terror de uma cena para outra dificulta a imersão do espectador em toda a trasheira apresentada. O visual, por sua vez, faz parecer que pegaram um rato de pelúcia aleatório, jogaram num balde cheio de piche e o resultado foi esse – uma versão mais feia do querido Grinch.

Esse último aspecto não seria um problema, uma vez que a aparência de Willie fica realmente engraçada. O ruim é que, no final das contas, ele não remete em nada ao clássico personagem Mickey Mouse e sim, a proposta do filme (à luz do seu descompromisso com qualquer outra coisa) é manter o lastro com a obra original da Disney. A ligação para manter a sátira fica mais em trejeitos do protagonista que lança mão de passos de dança e sonoplastia – cortesia do ator que vive a horrenda criatura, David Howard Thornton.

Sim, o Art da franquia Terrifier vive também o Mickey do mal.

Vale ressaltar que, além da presença de Thornton, a publicidade de Screamboat se apoiou bastante no fato do longa contar com os mesmos produtores de Terrifier 2 e Terrifier 3. O problema é que, diferente da franquia de Damien Leone que faz de sua ultraviolência um verdadeiro diferencial para os fãs do gore, aqui só temos um apanhado de tentativas de divertimento visual.

Em seus melhores momentos, o filme de Steven LaMorte acaba conseguindo tirar de sua sátira algumas críticas ao megalomaníaco negócio que virou o empreendimento de Walt Disney, com seu perfil expansivo e monopolista, levando as pessoas a seguirem suas obras de forma cega e infantilóide. Porém, o que sacramenta o quão desligados da veia profissional estão os realizadores de Terror a Bordo é a ordem do tratamento dado ao mistério final do filme: a resposta sobre a possibilidade de morte do Mickey e o surgimento da verdadeira Minnie vem logo no encerramento, enquanto a cena pós-créditos (momento dedicado a alimentar ainda mais as expectativas para uma sequência) dá conta de que o personagem Pete ainda está vivo. Quem se importa com Pete?

[Atualização 27/04] percebi que estava errado sobre este ponto a respeito do Pete, então leia o nosso final explicado + cena pós-créditos para entender a importância dele na trama [fim da atualização]

Afinal, vale a pena assistir Screamboat no cinema?

Screamboat: Terror a Bordo vale aquela ida ao cinema para desligar o cérebro e rir do quão atrevidos são alguns cineastas, que se munem de apenas pretensas boas ideias, brechas nos direitos autorais de personagens consagrados e um apanhado de trabalhadores de profissionalismo questionável para fazer dinheiro – sem pensar que você está financiando essa m#rda toda ao comprar o ingresso.