Capitão América: Admirável Mundo Novo ganha crítica Capitão América: Admirável Mundo Novo ganha crítica

Capitão América: Admirável Mundo Novo | Crítica

Mais de uma década depois de “Capitão América: O Soldado Invernal” (2014), a Marvel Studios tenta resgatar os ares de suspense político para seus filmes de super-heróis com Capitão América: Admirável Mundo Novo, enfrentando desafios ainda maiores do que antes. Com os irmãos Russo comprometidos apenas com os próximos “Vingadores”, ficou a cargo de Julius Onah (“O Paradoxo Cloverfield”) costurar a colcha de retalhos que tem sido os longas do MCU. Nesta crítica, exploramos se o resultado é satisfatório.

A história do novo filme da Marvel começa com Thaddeus Ross (agora interpretado por Harrison Ford) recém-empossado presidente dos EUA. Figura controversa, o ex-general precisa firmar um grande acordo internacional sobre a Ilha Celestial para fortalecer seu mandato. Paralelamente, Sam Wilson (Anthony Mackie) também busca afirmação como Capitão América, após a aposentadoria de Steve Rogers. O trabalho conjunto entre herói e presidente gera desconfiança, e um atentado na Casa Branca se torna o estopim de uma intrincada trama política com grande potencial destrutivo.

Tudo novo de novo na Marvel

Caso você não tenha assistido à série “Falcão e o Soldado Invernal” (Disney+), é possível que fique perdido em alguns aspectos, como os novos trajes e a introdução de Joaquin Torres (Danny Ramirez), o novo Falcão. Para contornar isso, o roteiro investe em diálogos explicativos e reportagens ao longo da trama para relembrar e contextualizar os elementos necessários. Afinal, “Capitão América: Admirável Mundo Novo” se conecta com filmes rejeitados pela crítica, como “Eternos” (2021), e também com produções distantes no tempo, como “O Incrível Hulk” (2008).

Na saída da cabine de imprensa (e provavelmente também nas sessões de estreia), muitos comentaram sobre o excesso de didatismo do roteiro. No entanto, considero essa abordagem necessária, dado o vasto histórico de produções do Marvel Studios.

Neste sentido, é muito mais desafiador encarar as mudanças físicas como o novo Thaddeus Ross, substituído após a morte de William Hurt. Apesar disso, Harrison Ford entrega um desempenho digno. O estranhamento continua ao nos depararmos com um Hulk que não é verde, e a escala das novidades só aumenta: além do novo Capitão América, temos também um inédito Falcão e uma nova Viúva Negra. É informação demais para um filme só!

Capitão América 4, ou Capitão América: Admirável Mundo Novo apresenta seu Hulk Vermelho
Créditos: Divulgação

Ruth Bat-Seraph: uma nova Viúva Negra em Capitão América 4

A boa notícia é que todos esses personagens estão bem representados pelos respectivos intérpretes, em especial Ruth Bat-Seraph (vivida pela israelense Shira Haas, da série “Nada Ortodoxa”), que se mostrou uma personagem interessante, deixando a impressão de que merecia mais tempo em tela (algo natural quando se trata de personagens que roubam a cena em produções como esta). Como “Viúva Negra” (2021) ampliou o leque de personagens treinadas no bizarro programa de espiãs, é possível que Ruth seja melhor explorada em futuros filmes ou séries do Disney+.

Desta vez, os críticos da “fórmula Marvel” não poderão reclamar das famosas piadas anticlímax. Embora haja alívio cômico ocasional, a história se mantém densa, equilibrando momentos de suspense com empolgantes cenas de perseguição e combate.

Sam Wilson vai convencer a crítica como substituto de Steve em seu filme solo?

Podemos dizer que a responsabilidade de ser o Capitão América é um tanto injusta quando não é Steve Rogers trajando o uniforme, e o próprio filme não ajuda tanto assim para emplacar Sam Wilson perante a opinião pública. Crítica presente inclusive em uma das falas do presidente Ross, o fato de Anthony Makie assumir o posto deveria ter sido melhor explorado pela Marvel Studios, mas os dramas por não possuir os super poderes do soro do Super Soldado não soam como algo atual para quem já esteve nas batalhas épicas de Vingadores: Guerra Infinita” e “Ultimato” sem decepcionar. Além disso, seu traje é equipado com tecnologia avançada, incluindo recursos de Wakanda. Precisa de mais o quê?

No entanto, mesmo superpoderes não garantem satisfação pessoal quando o objetivo é salvar a todos. Esse é o real sentimento do protagonista, mas faltou aos roteiristas mais cuidado com esse importante aspecto da estrutura emocional do personagem e do filme.

Dos vilões, a reaparição de Tim Blake Nelson como vilão (conhecido como Líder nos quadrinhos, mas não nomeado assim no filme) é o que levanta e responde as principais questões do filme, sendo que algumas coisas realmente ficam carecendo de melhor explicação ou mesmo motivação crível. Porém, uma vez que Kevin Feige e cia. optaram por seguir os rastros deixados por “O Incrível Hulk” (2008) na trama, a Marvel consegue manter certa coerência narrativa.

Capitão América: Admirável Mundo Novo vale à pena? Tem cena pós-créditos?

Prevejo uma série de opiniões negativas vindas da crítica para este filme, mas a verdade é que “Capitão América: Admirável Mundo Novo” acaba lançando mão de um voto de confiança que a Marvel Studios não sabe exatamente se tem com os seus antigos fãs no cinema. Como veredicto, é correto afirmar que se trata de uma interessante produção que tenta resgatar os bons ventos de outrora, acertando na execução em metade dos momentos. Como de costume, temos uma cena pós-créditos para que os responsáveis pela limpeza da sala de cinema fiquem esperando inutilmente, dada a nulidade escolhida pela Marvel para falar sobre o seu futuro.